O risco de os Estados Unidos deslizarem para uma recessão está crescendo com a queda dos mercados financeiros, segundo a mais recente pesquisa do The Wall Street Journal com economistas.
A probabilidade de haver uma recessão nos próximos 12 meses subiu para 21%, o dobro do nível de um ano atrás e o maior desde 2012, de acordo com estimativa média da pesquisa mensal.
“O aperto das condições financeiras é uma preocupação considerável”, diz Thomas Costerg, economista sênior da Standard Chartered PLC, referindo-se à 1a deterioração ampla nos mercados financeiros.
A situação nos mercados reflete os temores dos investidores de que o crescimento econômico global está desacelerando significativamente e que os EUA não serão capazes de permanecer saudáveis num momento em que tantas economias estão derrapando.
A Média Industrial Dow Jones já caiu 14,48% desde que atingiu seu nível recorde em 19 de maio do ano passado. Mercados acionários em outros países caíram ainda mais, uma queda que se aprofundou ontem. Com temores elevados nos mercados financeiros, até o ouro recuperou parte do seu brilho, subindo 17,7% até agora no ano, tendo fechado ontem a US$ 1.247,80 por onça.
Receios têm crescido de que os EUA não estão mais se beneficiando tanto com os preços baixos do petróleo. Sim, os consumidores estão pagando menos nas bombas. Mas o boom na produção americana de petróleo ao longo dos últimos dez anos agora indica que um setor americano importante é diretamente atingido quando os preços caem de forma significativa.
“A queda nos preços do petróleo é uma notícia ruim para o crescimento em 2016”, diz Costerg, que indicou ser o mais alarmado entre os participantes da pesquisa, ao considerar a probabilidade de uma recessão no próximo ano ser de de 50%.
Os economistas têm continuado a reduzir suas estimativas de crescimento econômico para 2016. Um ano atrás, eles estimaram que o crescimento poderia ser de 2,8% em 2016. Essas estimativas agora caíram para 2,3%.
Em dezembro, a previsão média era de criação de 2,4 milhões de empregos nos EUA neste ano. A previsão agora é de 250 mil empregos.
“A toxicidade do ambiente econômico global continua a ser uma ameaça”, diz Sean Snaith, diretor do Instituto para a Competitividade Econômica da Universidade da Flórida Central.
Embora o sentimento geral na pesquisa tenha se tornado negativo, nem todos os economistas pesquisados estão preocupados. Os gastos das famílias continuam a subir, com as vendas de automóveis sendo uma fonte particular de fortalecimento. A construção de novas casas tem continuado a crescer e os preços dos imóveis também têm subido.
“A atividade econômica permanece nos trilhos apesar da turbulência nos mercados financeiros”, diz Ram Bhagavatula, do fundo de hedge americano Combinatorics Capital LLC.
Os economistas consultados na pesquisa também manifestaram preocupação semelhante com a saúde da economia americana em 2011 e 2012, a última vez que as apostas em uma recessão estiveram tão altas. Em 2011, o Congresso quase não chegou a um acordo para elevar o teto da dívida dos EUA, o que poderia ter levado o governo federal à moratória. Em 2012, parecia que a crise de dívida da Europa poderia contagiar a economia americana. Nesses dois anos, as ações caíram fortemente nos EUA, com o recuo de 2011 sendo mais severo que o atual.
Embora os dois episódios tenham prejudicado a economia, levando a meses de dados econômicos fracos e limitando o crescimento dos EUA, nenhum deles levou o país de volta à recessão.
Prever o momento de virada na economia é um das proezas mais difíceis para os profissionais da área. Aqueles que acertaram uma vez raramente conseguiram repetir a façanha. E poucos conseguiram prever o momento e os contornos da mais recente recessão.
Mas coletivamente, suas preocupações cresceram durante 2007, fornecendo um alarme útil para aqueles que estavam prestando atenção. As apostas que a economia entraria em recessão dobraram de 12% em 2005, para cerca de 25% no início de 2007. As apostas gradualmente subiram para 40% durante o decorrer daquele ano. A economia se deteriorou lentamente no início de 2008 e então entrou em colapso rapidamente nos últimos quatro meses daquele ano. Em dezembro de 2008, a Agência Nacional de Pesquisa Econômica tinha dados suficientes para determinar oficialmente que a recessão havia começado um ano antes.
Embora a atual expansão econômica dos EUA não seja impressionante, ela tem durado muito tempo pelos padrões históricos. A economia tem se expandido gradualmente – a partir de uma base bastante deprimida – desde junho de 2009. A média de duração dos períodos de expansão econômica desde a Segunda Guerra Mundial é ligeiramente abaixo de seis anos. A atual expansão já dura mais de seis anos e meio.
Segundo Kevin Swift, economista-chefe do Conselho Americano de Química, esse ciclo ainda não chegou ao fim.
O WSJ entrevistou 69 economistas do setor corporativo, financeiro e acadêmicos entre sexta e terça-feira, mas nem todos os participantes responderam todas as perguntas. A pesquisa foi realizada depois que o relatório de empregos divulgado na sexta-feira mostrou que a taxa de desemprego caiu para 4,9%, mas antes do depoimento da presidente do Fed, Janet Yellen, ao Congresso nesta semana.
Fonte: The Wall Street Journal